segunda-feira, 18 de julho de 2011

Veja dicas para se livrar das dívidas e usar bem o crédito

É fundamental planejar gastos e usar bem o crédito.

Para ficar longe das dívidas e manter-se “financeiramente saudável”, a dica unânime entre especialistas é fazer um planejamento mensal das despesas previstas e dos rendimentos recebidos.

“É preciso fazer um orçamento sempre, incluindo todos os gastos, toda a renda, separar uma quantia desse saldo para a poupança e deixar uma margem de segurança para imprevistos. O que sobrar disso, o consumidor pode pensar em novos gastos. Tem que pensar como se fosse uma empresa, que tem receitas e despesas“, diz o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo.

“A pessoa tem que entender o seguinte: se ela está enrolada, só há duas receitas – ou ganhar mais ou gastar menos”, afirma Fabio Gallo Garcia, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC).

OITO PASSOS PARA SE LIVRAR DAS DÍVIDAS
1) Calcule o tamanho da dívida
Peça à empresa ou ao banco que concedeu o empréstimo
um demonstrativo com os valores discriminados da dívida total.
O ideal é ter os documentos com os valores de todas as
dívidas adquiridas.
2) Cheque os valores a serem pagos

Avalie quais são as taxas e valores cobrados junto com
as dívidas. Veja se todas as cobranças estão dentro do
estabelecido no contrato, inclusive a taxa de juros.
É possível que haja cobranças indevidas. Caso tenha
dificuldade em fazer essa avaliação, procure especialistas
ou órgãos de defesa do consumidor para ajudar
3) Renegocie

Com os valores da dívida em mãos, retorne ao local em que
ela foi adquirida e peça uma renegociação. Chore por
descontos, melhores juros e prazos maiores, pois o credor
tem interesse em receber o dinheiro.
4) Busque empréstimos mais baratos

Outra opção é pesquisar um empréstimo mais barato.
Se a dívida é no cartão de crédito ou no cheque especial,
que têm juros altos, pesquise outras taxas, como as do
crédito consignado, que costumam ser menores. Feito isso,
quite a outra dívida e organize-se para pagar a nova.
Também é possível fazer acordos com parentes para
emprestarem o dinheiro.
5) Organize o orçamento
Paralelamente ao cálculo e pagamento da dívida atual, é
preciso organizar o orçamento para não fazer novas dívidas.
Calcule quais são as despesas e ganhos mensais e coloque
tudo no papel.
6) Corte gastos

Considere quais são os gastos essenciais (como alimentação
do dia a dia), os básicos (como despesas com moradia),
os contornáveis (que trazem benefícios, mas podem
ser descartados, como academia) e os desnecessários
(que não fazem falta no dia a dia). Corte primeiro os
gastos desnecessários, passando depois para os demais,
se for preciso.
7) Busque alternativas de renda
Se mesmo com os cortes ainda estiver difícil manter as
despesas mensais, busque alternativas de renda, como
dar aulas, vender produtos etc. Avalie bens que possam
ser vendidos, como carro, terreno e joias, para ajudar
ou no pagamento da dívida ou nos gastos do dia a dia
que não podem ser cortados.
8) Eduque-se financeiramente


Organize-se financeiramente para não voltar a ficar
endividado. Fazer um orçamento mensal e anual é indicado.
Use o cartão de crédito de forma inteligente, ou seja,
para organizar as finanças e concentrar o pagamento
das contas mensais. Organize-se para pagar sempre
todo o valor da fatura, e não somente o valor mínimo.
O cheque especial deve ser usado apenas em
casos de emergência, como gastos com saúde.
Fonte: Fabio Gallo Garcia, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e Carlos Daniel Coradi, da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores


Organização

Uma dica na hora de organizar o orçamento é classificar as despesas por ‘importância’, diz Gallo. O especialista faz a seguinte separação: gastos essências (como alimentação do dia a dia), os básicos (como despesas com moradia, água e luz), os contornáveis (que trazem benefícios, mas podem ser descartados, como academia) e os desnecessários (que não fazem falta no dia a dia, como a assinatura de uma revista que quase nunca é lida).

“Os gastos desnecessários são aqueles que você realmente vai se perguntar porque está gastando dinheiro com isso”, explica.

Eliminando dívidas

Para Carlos Daniel Coradi, da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores, o endividado deve somar todos os bens que possui, como casa, carro, terrenos, para saber o quanto valem e, se necessário, abrir mão de alguns deles. “Se estiver muito embaraçado, pode pedir a ajuda de um contador”, afirma.

Para quem já está inadimplente, os especialistas sugerem tentar renegociar a dívida com o credor. “Procurar a empresa é uma boa coisa se fazer. Há bancos que permitem a renegociação pelo site. A pessoa nem precisa ir à agência. Todo credor está interessado em receber. É melhor, de repente, receber menos, em mais tempo, do que não receber nunca”, explica Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa Experian.

Fazer novos débitos para quitar os antigos só é vantajoso se o novo empréstimo for mais barato do que o antigo. “Não há pior maneira de se pagar dívidas fazendo outras. Isso só vale se o consumidor tiver condições de, por exemplo, contratar um crédito consignado, que tem taxas menores, para pagar o cheque especial ou o cartão de crédito, que são dívidas crescentes”, diz Almeida.

Mantendo o orçamento - evite novas dívidas

Com as dívidas encaminhadas, é preciso cuidado para não entrar outra vez no vermelho. “Não adianta renegociar só por renegociar e já começar a fazer novas dívidas. Terminou de pagar, é preciso seguir a dica do orçamento e não fugir do que está previsto nele”, alerta Solimeo, da ACSP.

A utilização do crédito deve ser feito de forma sustentável, segundo os especialistas ouvidos pelo G1: o parcelamento do cartão de crédito e o uso do cheque especial, por exemplo, devem ser feitos em casos de “emergência”, de acordo com Almeida, não como meio de pagamento das despesas. “O crédito pode ser usado, mas tem que ter claro o limite, porque pode virar uma bola de neve”, alerta.
Fabio Gallo ressalta, ainda, que o cartão de crédito pode até ser usado ao favor do consumidor, desde que administrado corretamente. Isso porque é possível concentrar o pagamento de gastos extras para saber o quanto eles representam como um todo no orçamento do mês.

“Desde que o consumidor entenda o cartão de crédito, ele pode consolidar os gastos nele, sabendo que dia ele vence. [O cartão] pode ser usado até para os pequenos pagamentos”, sugere.
Para passar longe da inadimplência, Solimeo aconselha os consumidores a não comprarem por impulso e a pagarem suas compras à vista ou no menor número possível de parcelas. “Mas, para isso, o orçamento da família deve ser considerado.” Segundo o economista, não adianta o consumidor pagar à vista, por exemplo, e não ter dinheiro para o resto das despesas do mês.

Educação financeira

Para o educador e terapeuta financeiro, presidente do Instituto DSOP de Educação Financeira, Reinaldo Domingos, é preciso que os consumidores racionalizem seus gastos e evitar as despesas, poupando seus recursos, como uma forma de realizar “sonhos”, como a compra de um carro ou mesmo da casa própria.

“É preciso começar a repensar os gastos dentro da própria casa, economizando energia, por exemplo. Uma televisão em stand by, por exemplo, consome R$ 6 por mês. Não custa ao consumidor tirar o plugue da tomada”.

O ideal, na opinião do especialista, é trabalhar a educação financeira com toda a família, inclusive com as crianças. “Em vez de a família se reunir para dizer que os gastos terão de ser cortados, é preciso fazer diferente: falar sobre sonhos. Pensar juntos quais são os sonhos de curto, médio, longo prazo que as pessoas têm e o que pode ser feito para alcançá-los. É uma troca, poupar para realizar sonhos. Temos que criar o ciclo da saúde financeira. Inadimplência é falta de organização, metodologia”, diz Domingos.
 
 
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário