domingo, 31 de julho de 2011

Na hora da entrevista

Por Ana Paula Costa.

A entrevista, seja numa fase inicial na consultoria de seleção, ou nos "finalmentes" com a empresa contratante, é um divisor de águas na vida do candidato. Sempre existem duas opções: ser o escolhido ou não; aceitar ou recusar a proposta. Mais do que uma decisão na carreira, é a decisão de uma vida, e que pode ou não trazer resultados satisfatórios. E satisfação, aqui, é a chave da questão.

As discussões e as pesquisas mais recentes sobre o tema "Carreira" mostram uma mudança no sentido e na forma de trabalhar que não se pode mais deixar passar despercebida. Palavras como desafio, autenticidade, equilíbrio tornam-se cada vez mais frequentes no linguajar dos que já estão, e dos que estão entrando no mundo das organizações. E, pensando neste significado diferente de trabalho, de construção de uma trajetória, fazer a escolha certa na carreira torna-se uma questão existencial.

E a escolha só é certa quando os dois lados, organização e candidato, têm acesso a informações que lhe permitem tomar uma decisão embasada. Qual é o melhor candidato a uma posição? Qual é a melhor posição para um candidato? E é neste ponto que os problemas começam a surgir. De um lado, a organização, no anseio de atrair e contratar aquele que considera ser o candidato ideal, nem sempre "vende" sua oportunidade como ela realmente é. Do outro lado, o candidato, cheio de construtos idealizados sobre determinada empresa ou posição, esforça-se para se apresentar como algo que não é, ou pode não ser. O resultado torna-se então inevitável: frustração e desapontamento de ambos os lados.

Os custos e os prejuízos de uma contratação mal feita são geralmente visíveis para a empresa. Já, para o candidato, enfrentar o arrependimento de uma escolha equivocada e encarar as repercussões em todas as esferas de sua vida é sempre um processo muito difícil.

Como evitar isso? Voltando ao tema deste artigo e sob a perspectiva do candidato, posso dizer o seguinte: Seja mais você! Na hora da entrevista, mostre àquele que está do outro lado da mesa quem você é, o que você fez e o que você quer. Busque sair daquele estereótipo do candidato ideal, pois não existe um único candidato ideal, existem vários, e você sendo você mesmo pode ser um deles.

Outro aspecto igualmente importante e que, às vezes, é deixado de lado pela ansiedade do momento, são os questionamentos ao contratante. E aí vai a dica: coloque-se também no papel de entrevistador, pergunte, pesquise, entenda, e, principalmente, não restrinja essa busca de informações ao momento da entrevista. Vá além. Lembre-se, numa época em que as pessoas estão tomando com afinco as rédeas de suas carreiras, é determinante ter clareza sobre quais são os seus objetivos, interesses profissionais e pessoais, e se estes estão alinhados aos da organização.

É importante que você, enquanto sujeito de sua trajetória, busque coerência entre seu perfil e projeto de vida. Tome decisões relativas à carreira fazendo um julgamento criterioso sobre suas preferências, valores, experiências, desejos e competências. Estabeleça metas e objetivos que estejam alinhados a esses critérios e a sua capacidade de realização. Metas inatingíveis não lhe trarão sucesso nem satisfação.

Se proponha também a revisitar periodicamente o seu projeto pessoal. A vida é dinâmica e as coisas mudam. Aquilo que você buscava para sua carreira há 5, 10, 20 anos, pode não ser mais válido, viável e, nem mesmo, desejável na atualidade. Enfim, o autoconhecimento é fundamental para a construção de uma trajetória profissional plena, e importantíssimo antes, durante e depois da entrevista.

Esta postura autêntica pode até não fechar e restringir por completo o ciclo de desentendimentos citado acima, mas certamente contribuirá para uma escolha, tanto do seu lado quanto do lado da organização, mais certeira, satisfatória e com maiores chances de sucesso.

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